terça-feira, 30 de abril de 2013

Alfabetização: um desafio que se renova



Se há uma função primordial da escola, certamente ela passa pela formação de cidadãos leitores e escritores e competentes. E é justamente aí que se situa uma das grandes marcas do atraso histórico brasileiro no campo educacional e um dos desafios do século 21: a escola brasileira ainda forma alunos incapazes de ler e escrever. Este é um dos temas mais complexos da educação, no qual se misturam políticas de Estado - que definem, por exemplo, idades limites para o processo, materiais e outras condições -, metodologias, didáticas e, mais recentemente, um ingrediente que acrescenta novos dilemas: o advento das novas tecnologias.
Mirta: os professores precisam saber teoria didática
Na entrevista a seguir, a pesquisadora argentinaMirta Castedo, diretora do Departamento de Ciências da Educação da Universidade Nacional de La Plata e professora titular de didática do ensino primário e observação e didática da leitura e da escrita, acrescenta novas perspectivas para a discussão. Para ela, as salas de aula já devem contemplar o instrumento que os alunos utilizarão para ler e escrever no século 21: o computador.
Vivemos no Brasil uma discussão sobre a alfabetização inicial. Uma das questões é a idade para a alfabetização das crianças. O programa do governo federal fala em uma idade máxima de 8 anos; há quem defenda 6 ou 7 anos, e também quem diga que não pode haver idade mínima ou máxima. Qual é sua opinião sobre esse tema?
Do ponto de vista histórico, a idade da alfabetização variou ao longo do tempo, nas distintas civilizações. Hoje nos assombraríamos em pensar que, em algum tempo da história da humanidade, aprender a escrever era uma tarefa de jovens e adultos; ou que, em outros momentos, estimava-se que para o indivíduo ingressar numa escola deveria ter pelo menos 10 ou 11 anos. Na cultura das nossas escolas, que, em geral, surgiu no século 19, a idade de alfabetização sempre oscilou entre os 5 e os 8 anos. Agora, do ponto de vista psicológico e didático poderíamos dizer que a regra geral é: o quanto antes se comece, melhor. Se a idade de ingresso das crianças no sistema educativo é 4 anos, então, aos 5 anos se pode começar, e é melhor fazê-lo. Podemos até dizer que em uma escola maternal é bom que as cuidadoras dos bebês cantem e contem histórias às crianças, já introduzindo-as na cultura escrita. Mas também temos de nos perguntar o que queremos dizer quando falamos que uma criança não se alfabetizou aos 8 anos, pois a alfabetização é um processo que, a rigor, não termina nunca. Teríamos de definir a que nos referimos quando falamos em alfabetizar.
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